Correio da Manhã: Voz da memória

por Rodrigo Fonseca

“A trajetória meteórica do cantor lírico brasileiro na cena musical europeia, sobretudo na Alemanha, inspira uma investigação documental delicada perpetrada pelo jornalista e cineasta Yves Goulart, que nasceu na mesma cidade dessa ave canora que homenageia numa costura de imagens de arquivo e depoimentos: Urussanga (SC).”

“O que Aldo trouxe de mais encantador para a música foi o domínio de vários estilos. Ele dominava com excelência Mozart, Bach, Rossini, Verdi, Mahler, Villa-Lobos, Claudio Santoro, entre outros, com uma técnica que respeitava as épocas de cada compositor. Por isso, suas gravações servem de referência até hoje para alunos, pesquisadores e admiradores do canto lírico.”

“Todo esse material, de mais de quatro mil horas, estava quase mofando, mas foi digitalizado em Berlim para ser usado no documentário, sem contar as 70 fitas cassetes gravadas nos concertos, que Aldo fazia questão de registrar ao vivo. Perguntei para Irene o porquê de todas essas gravações e ela respondeu que era para o acervo dele e, principalmente, para estudos da sua própria técnica. No início, essa imensa quantidade de material me dava uma angústia de como contar a história de Aldo sem perder a essência de sua biografia. Irene foi essencial durante o processo de seleção do material utilizado no documentário e, além disso, ela assina a direção musical. Sem ela, o encaixe preciso das músicas na narrativa do filme não seria possível. Para cada momento ou situação no roteiro, a música entra como um fio condutor. Eu não queria fazer um documentário somente de cabeças falantes, mas, sim, utilizar as músicas cantadas por ele como elementos de narração da sua história. Por isso, eu chamo o filme de um documentário operístico.”

Correio da Manhã: Voice of memory

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